quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Podem os Cães Ler a Nossa Mente? Não Exatamente…


Podem os Cães Ler a Nossa Mente? Não Exatamente…


No passado mês de Setembro, escrevemos aqui no Mundo dos Animais um artigo que se tornou bastante popular, sobre a capacidade de os cães lerem a nossa mente, partilhando um estudo publicado na Learning & Behavior que explica o curioso caso dos cães parecerem que nos entendem como ninguém, como se de alguma forma praticassem telepatia canina.
Hoje, vamos continuar a abordar esse assunto sempre entusiasmante, sobretudo para donos de cães, com informações de novos estudos realizados sobre essa relação entre os cães e o ser humano.
Quem convive regularmente com cães, já deve ter pensado que, por vezes, os cães parecem realmente ser capazes de ler a nossa mente, perceber o nosso estado de espírito, detetar se estamos com algum problema de saúde, entre outras situações. Mas o segredo dos cães parece estar nos nossos próprios olhos: os cães seguem os movimentos dos nossos olhos, que lhes dão sinais das nossas intenções.
Os bebés humanos também possuem esta habilidade, descrita na última edição da Current Biology. Esta revelação talvez explique porque motivo os donos costumam tratar os seus animais de estimação como se fossem crianças.
“Os cães estão recetivos à comunicação humana de uma forma que, anteriormente, estava atribuída apenas a bebés humanos de 6 meses de idade” explicou o co-autor deste novo estudo, Jozsef Topal, à Discovery News.
“Eles leem as nossas intenções de comunicação de uma forma pré-verbal, uma forma semelhante aos bebés” acrescentou Topal. A comunicação pré-verbal é a forma que os bebés nos interpretam e se exprimem sem usar as palavras, pois não aprendemos logo a falar.
Os investigadores afirmam que os atributos sociais dos cães atingem o nível de uma criança com dois anos de idade, uma vez que o único talento que lhes falta é a linguagem.
“Estes atributos dos cães ajudam a fortalecer a ligação cão-humano, que é atualmente única tendo em consideração as diferenças biológicas entre as duas espécies”.
Os cães foram os primeiros animais a serem domesticados e aparentemente sem benefícios diretos, como alimento ou pastoreio. A cognição social dos cães evoluiu durante milhares de anos, nos quais muitos dos atributos selvagens (como os lobos) foram transformados e adaptados pelos desafios de uma vida em conjunto com os seres humanos.
Topal e a sua equipa suspeitam que os cavalos e os gatos domésticos também sejam capazes de ler as nossas intenções, uma vez que vivem de forma próxima a nós há também muitos anos.
Num estudo à parte, publicado na Animal Behavior, os investigadores descobriram que os cães comunicam com as pessoas para pedir, mas não para informar. Seja como for, fazem-no de forma bastante concentrada e intensa.
Juliane Kaminski, líder deste segundo estudo, indicou que “fica demonstrado como os cães estão sintonizados de forma intencional com a comunicação humana e quão importante determinados sinais são para eles, de forma a perceber quando é que a comunicação é relevante e direcionada para eles”.
Topal pensa ser possível que os cães, por vezes, sejam até superiores aos seres humanos adultos no que diz respeito a interpretar intenções, uma vez que estão atentos a todos os sinais como odores, sons e outras pistas que possam indicar algo.
“Os cães aprendem facilmente a associar até os comportamentos inconscientes dos seus donos com as respetivas intenções. Desta forma, um cão adquire a habilidade de antecipar o comportamento seguinte do seu dono, e isto em determinados casos dá a sensação de que o cão acabou de ler a nossa mente” concluiu Topal.
Fonte: Discovery News
Foto: Getty Images

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A Presença dos Animais na História do Homem


A Presença dos Animais na História do Homem


animais historia homem
O Homem, desde os seus primórdios, sempre teve uma estreita relação com mundo animal, ligada sobretudo à sua própria subsistência e sobrevivência.
Os animais sempre foram elementos integrantes do meio ambiente que os rodeava, não sendo portanto de estranhar que as primeiras representações artísticas sejam da fauna existente.
Existia uma multiplicidade de estilo e suporte para estas figuras, sendo as mais comuns as gravadas em pedra (as chamadas gravuras rupestres), ou pintadas no interior de grutas e abrigos, recorrendo a pigmentos retirados de plantas e minerais como o ocre.
Os animais mais representados são auroques (uma espécie de bovídeos já extintos), cavalos, cabras montanhesas, veados e peixes cujas espécies não foram passíveis de identificação.
animais historia homem
Os desenhos rupestres encontram muitas vezes sobrepostos e estendem-se por dezenas de metros ao longo dos rios. Pensa-se que estes locais se tratariam de santuários ao ar livre, onde o Homem primitivo idolatrava os seus deuses e a Natureza que o rodeava, daí a recorrência destes espaços ao longo dos séculos para a gravação de figuras. Esta relação estreita entre o Homem Pré-Histórico e os animais deve-se sobretudo ao impacto que estes tinham na vida das comunidades, grandemente dependentes da caça.
Muitos destes espaços ainda existem e podem ser visitados. Exemplo disso é Parque Arqueológico do Vale do Côa ou a Gruta do Escoural em Montemor-o-Novo. Foi também neste período (Paleolítico) que o cão foi domesticado, acompanhando o Homem na caça e mais tarde como ajuda para controlar o gado.
Contudo ao longo dos milénios que marcaram a evolução do Homem esta relação também se modificou. Se inicialmente este caçava e recolhia os alimentos, com as mudanças climatéricas ocorridas, aumento de população e com a sua própria evolução cultural, os animais passaram a coabitar com o ser humano dando-se início ao processo de domesticação dos mesmos.
animais historia homem
Este processo ocorreu há cerca de 9 mil anos a.C. (Neolítico), no Próximo Oriente, quando as bases económicas se transformaram gradualmente, passando a existir agricultura e pastorícia e consequentemente uma sedentarização do Homem, até aqui nómada.
Segundo vestígios arqueológicos, o primeiro animal a ter sido domesticado foi a ovelha, ideal pela quantidade de recursos que disponibilizava – carne, lã, couro e leite.
Bovídeos, equídeos, suínos e caprinos foram domesticados um pouco mais tarde por servirem de força de trabalho, meio de transporte e fonte de matéria-prima.
As aves, assim como os gatos tornaram-se animais domésticos inicialmente no Egipto. O gato pela sua capacidade de manter os celeiros limpos de pragas e pelo culto religioso que lhe era prestado e as aves pelo seu canto e estética, tornando-se um animal ornamental. Ao longo dos séculos estas relações intensificaram-se dando origem ao animal de companhia nas mais variadas espécies desde anfíbios, repteis até ao comum cão e gato.

Mais informação:

Paleolítico
http://www.ipa.min-cultura.pt/coa/pt/Paleolithic/Paleolithic
http://www.ipa.min-cultura.pt/coa/pt/Paleolithic/Paleo_Art
Neolitico
http://algarvivo.com/arqueo/neolitico/index.html
Antigo Egipto
http://www.museu.gulbenkian.pt/serv_edu/navegar_no_antigo_egipto/egipto.html
Bibliografia:
LOPES, Maria da Conceição, Arte Portuguesa – Da Pré-História ao século XX, 2008, s.l., Fubu Editores
BRUNET, Teresa Chapa, CASTRO, Gérman Delibes de, Grande História Universal, “O Neolítico”, pp.5-56, s.a., Valladolid, Ediclube Edições
SILVA, Armando Coelho Ferreira da, RAPOSO, Luís, SILVA, Carlos Tavares da, Pré-história em Portugal, 1993, Lisboa, Universidade Aberta
CARVALHO, José Filipe Carvalho, GABRIEL, Olga, DAMOS, Elisabete COSTA, Anabela, FIGUEIREDO, Silvério, A Domesticação, in http://www.paamt.ipt.pt/PAAMT_old/discussaoprep.html#Silverio