domingo, 13 de maio de 2012

Vídeos Com Animais: O Outro Lado da Moeda


Vídeos Com Animais: O Outro Lado da Moeda


Os vídeos com animais podem ser adoráveis, apaixonantes, curiosos, hilariantes, emotivos, reveladores. Com a facilidade que temos hoje em dia de adquirir uma pequena câmera digital e fazer o upload dos vídeos para sites como o Youtube, temos todos os dias milhares de novos vídeos com animais vindos dos quatro cantos do mundo.
Numa das minhas pesquisas por vídeos interessantes sobre animais, deparei-me com um que numa primeira visualização é fantástico, mas rapidamente perdeu o brilho. Vamos vê-lo primeiro:
O “argumento” é simples: um cachorrinho está aflito na piscina sem conseguir sair e a mãe do pequeno, num ato heroico, salta para dentro de água e salva o filhote.
Esta é a parte em que soltamos um suspiro de admiração pelo gesto e começamos a partilhar o link para os nossos contactos.
Mas chega o momento de nos perguntarmos: ok, a mãe salvou o cachorrinho, mas o que estava ele a fazer dentro de água? Como foi lá parar? As pessoas que se ouvem no vídeo (até a rir!) não ajudam? E quem estava a filmar, não podia largar a câmera e dar uma mão? Já agora, como é que estava no sítio certo e com o melhor ângulo para filmar o salvamento do início ao fim?
Muitas questões para uma resposta simples: foi encenado. Vamos olhar com atenção para o primeiroframe:
Vídeos com animais, o outro lado da moeda
O que temos ali no meio? Um splash na água. Partindo do princípio que o pequeno não voa e também não cai do céu, resta ter sido atirado para a água. A mãe já se encontra a olhar naquela direção, como se soubesse que o cachorrinho ia cair ali dentro. E quem filmou sabia como a mãe ia reagir quando visse que o seu filhote estava (outra vez) em apuros.
Num ápice, o heroico salvamento continua a sê-lo, mas quem montou o cenário deveria estar coberto de vergonha. Quantas vezes foi o pequeno atirado para a água? Quantas vezes foi a mãe salvar o filhote para divertimento dos presentes?
A verdade é que o vídeo tem um propósito. O “argumento” da mãe a salvar o filhote é perfeito para alimentar uma audiência vasta e para tornar o vídeo viral – não é ao acaso que, no momento em que escrevo este texto, já tenha 1 398 974 de visualizações.
A quantidade de visualizações e partilhas também não são apenas números para encher um ego, também enchem uma conta bancária. É um negócio. É rentável em publicidade, em subscrições, emmerchandising, na verdade um vídeo pode ser rentável de mil e uma formas dependendo da estratégia de marketing que for aplicada.
O panda bebé que ficou conhecido em todo o mundo pelo brutal espirro que deu, até tem um sitecom venda de t-shirts. Este último é um aproveitamento legítimo de uma situação caricata mas natural – o espirro do bebé não foi induzido – mas quando os animais são forçados, prejudicados e tratados como objetos para que o vídeo fique perfeito, temos um problema. Temos o outro lado da moeda.
Esta situação fez-me lembrar um caso que deu 
muita
 alguma polémica há uns anos atrás.
O outro lado da moeda
Falo de um senhor chamado Chris Palmer (ver bio na Wikipedia), produtor de filmes sobre a natureza, ambiente e vida selvagem, que escreveu um livro em forma de confissão com as técnicas menos éticas que são utilizadas para produzir um documentário sobre animais. Apesar destes documentários terem uma mensagem educativa e pretenderem mostrar como são os animais no seu ambiente natural, há toda uma intervenção humana que chega inclusive à crueldade e à morte de animais.
Palmer revelou que cenas de predadores a caçarem presas ou de animais a nascerem são montadas, que os sons supostamente emitidos pelos animais são produzidos em estúdio e que são muitas vezes utilizados animais treinados no lugar de animais selvagens, animais estes que vivem em jaulas pequenas e em ambiente stressante.
O motivo é simples: obter melhores cenas, num menor espaço de tempo e gastando menos dinheiro. No que diz respeito ao senhor Chris Palmer, de realçar que é agora um grande defensor da filmagem ética dos animais e dá formação sobre isso.
Uma das maiores controvérsias de sempre reside no documentário “White Wilderness”, da Disney, que contém uma cena onde vários lemingues se “suicidam”, atirando-se de um precipício e caindo nas águas do oceano ártico, onde morrem afogados por exaustão se não encontrarem terra firme. Mais tarde, veio-se a descobrir que 1) a filmagem tinha sido feita num rio e não no oceano ártico, 2) aquela espécie não é migratória e por isso não tinha motivos para se atirar à água e, o pior de tudo, 3) os animais não se atiraram voluntariamente, foram empurrados por uma plataforma giratória montada pela produção.
Os vídeos com animais não são maus. Nada disso. Aqui no Mundo dos Animais, temos umacategoria só para vídeos e onde já nos podemos deliciar com grandes momentos, como o resgate de uma cachorrinha cega a viver no lixo, a despedida carinhosa dos leões bebés, o resgate de 3 tigres, o morcego-da-fruta alimentado à mão, a terra das preguiças, sem esquecer a compilação de 10 vídeos mais populares de 2011.
O que não nos podemos esquecer, em nenhum momento, é que os animais são seres vivos e não objetos. No fundo, não esquecer os direitos dos animais. E se mais algum motivo for necessário, uma última dica gratuita: quanto mais natural for o vídeo, mais interessante é o resultado final…
Anexos:

Nenhum comentário:

Postar um comentário