quarta-feira, 27 de julho de 2011

RISCOS DA TERAPIA COM ANTICONCEPTIVOS ORAIS E INJETÁVEIS

Para não procriar, o melhor é castrar!
Conheça os riscos da terapia com anticonceptivos orais e injetáveis.
Muitos guardiões de cadelas ou gatas começam a viver um drama no momento em que 
o animal entra no período reprodutivo e começa a apresentar as principais manifestações
 do cio. O cio, ou também chamado de período estral, varia entre as espécies e é a 
sinalização de que a fêmea está pronta para receber o macho e acasalar. Uma fêmea 
canina entra em atividade reprodutiva entre 6 e 24 meses de idade, com intervalo 
interestro de cerca de 7 meses. Já as fêmeas felinas têm sua ovulação induzida pelo
 macho e iniciam a atividade reprodutiva com cerca de 2 a 2,5 Kg de peso (idade variável 
entre 6 a 9 meses).
Durante o estro a secreção de estrógenos (hormônios sexuais da fêmea) é máxima, e uma 
série de modificações físicas e comportamentais ocorre. Na cadela observam-se inchaço da
 vulva, leve corrimento sanguinolento, micção freqüente e um comportamento mais
 dócil e carinhoso. Os cios duram em média de 15 a 20 dias, sendo os 9 primeiros dias o 
período chamado pró-estro, fase onde há o sangramento. Do 9º ao 15º dia é o cio 
verdadeiro, chamado fase do estro, e é quando a fêmea aceita o macho para cobertura.
 Algumas cadelas apresentam o cio seco ou silencioso, caracterizado pela falta dos sinais 
do cio (não há inchaço da vulva nem sangramento). Neste caso o cio apenas 
poderá ser identificado pelo macho, por citologia vaginal ou por dosagem hormonal. Neste
 período, os banhos podem ser dados normalmente, porém deve-se ter um cuidado extra
 durante os passeios pelo risco de acasalamentos. Portanto se a sua cadelinha estiver no 
cio, não descuide dela um minuto sequer, pois no primeiro encontro com um macho 
inteiro (não castrado) poderá ocorrer uma cruza indesejada.
Na gata as mudanças são principalmente comportamentais e incluem esfregar-se em 
objetos e pessoas, rolar-se no chão, comportamento mais dócil e carinhoso, 
aumento da freqüência urinária, e às vezes urinar em jatos para demarcar território,
como os machos. Ela chama a atenção do macho ao entortar a coluna com o rabo 
para cima, desviar a cauda para um dos lados e mostrar desejo de cruzar. Pode haver
 perda de apetite neste período.
Muitos guardiões então optam por interromper o cio de sua cadela ou gata a fim de
 evitar as manifestações desagradáveis ou cruzas indesejáveis. Alguns optam pela
 castração (OSH – Ovariossalpingo-Histerectomia), outros preferem o uso de 
anticonceptivos injetáveis, medicações à base principalmente de estrógenos ou 
andrógenos, que agem suprimindo a atividade do miométrio, inibindo assim o retorno
 ao cio e a ovulação.
A castração é o método que trás mais benefícios para a fêmea, pois fornece um
 controle reprodutivo permanente, além de reduzir o risco de câncer de mama em até 
90 % se o procedimento for realizado antes do primeiro cio. O risco de câncer de útero e
 piometria caem para zero, assim como o risco de acasalamentos indesejáveis.
Já em relação ao uso de anticonceptivos injetáveis, a situação é um pouco mais 
preocupante. Estas medicações são principalmente compostos progesterônicos 
que agem suprimindo atividade do miométrio, levando à um bloqueio retrógrado do
 hipotálamo e hipófise e inibindo a secreção de gonadotrofinas, ou seja, reduzem as 
concentrações circulantes de estrógenos e testosterona. Devem ser administradas 
exclusivamente no período de anestro, pois dessa forma inibem o retorno ao cio.
Ao serem administradas no período de estro (cio), o risco de efeitos colaterais
 aumenta consideravelmente em funções das altas taxas de estrógenos circulantes
 que irão somar-se às taxas existentes na medicação, e assim levando principalmente ao
 complexo hiperplasia endometrial cística (HEC) e piometra. A piometra é um processo
 infeccioso uterino com acúmulo de exsudato purulento na luz uterina e contaminação
 bacteriana. Esse quadro, quando não tratado imediatamente (cirurgia) pode levar à morte.
 Outros efeitos colaterais importantes do uso dessas medicações incluem 
desenvolvimento mamário com ou sem lactação, inibição da imunidade uterina, 
aumento de apetite, alterações comportamentais, teratogênese (alterações embrionárias
 se a fêmea estiver prenha quando receber a medicação), efeito antagonista da insulina
 (Diabetes mellitus e/ou acromegalia em uso prolongado).
Ressalta-se ainda que apenas uma dose de determinados compostos progesterônicos pode
 manter a taxa de estógenos alta durante meses, predispondo ao desenvolvimento de 
câncer de útero, ovário e mama.
Além dos compostos progesterônicos existem ainda os compostos androgênicos 
(à base de andrógenos), que da mesma forma que os anteriores, agem prevenindo a
 atividade ovariana e devem ser administrados exclusivamente na fase de anestro. Seus
 principais efeitos colaterais incluem hipertrofia de clitóris, comportamento de monta, 
seborréia, fechamento epifisário precoce (em animais jovens). São contra indicados 
em animais com anormalidades hepáticas e/ou renais.
Dessa forma, conclui-se que a administração de compostos anticonceptivos acaba 
trazendo mais riscos e malefícios do que benefícios, predispondo a fêmea à uma
 série de alterações fisiológicas e patológicas. Além disso, por serem compostos que
 devem ser administrados exclusivamente durante o período de estro, seu controle 
terapêutico se torna difícil, uma vez que o período interestro das fêmeas pode
 ser bastante variável. A castração, portanto, se mostra o método mais eficaz
 de controle reprodutivo, por ser o único método permanente e que trás o mínimo
 de efeitos colaterais indesejáveis com o máximo de benefícios.

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